sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Manifesto dos esquisitos*

Somos os esquisitos!
Aqueles que são taxados de ovelhas desgarradas da família. O colega de trabalho que poucos compreendem. O amigo com gostos e opiniões peculiares.
Geralmente somos queridos e admirados pelas crianças e adolescentes, porque não agimos como os outros adultos que os rodeiam ou porque, geralmente, a esquisitice manifesta-se justamente naquela idade. No entanto, é na fase adulta que ela se instala e a assumimos com altivez. 
Abominados alguns preconceitos, mas fazemos questão de sermos politicamente incorretos.
         Somos esquisitos porque não buscamos aprovação alheia para por em prática nossos hábitos e ideias esquisitas.
Quando achamos necessário, apontamos o que há de ridículo e exagerado ao nosso entorno, sem medo de cultivar antipatias, mesmo e, principalmente, em meio aos nossos familiares.
Embora cuidemos do nosso corpo e aparência, o fazemos única e exclusivamente para o nosso próprio bem estar. Danem-se as cores, cortes de cabelos, tamanhos de bunda e formatos de sobrancelha da moda. Aliás, a beleza é algo relativo para os esquisitos.
Apesar de termos algumas poucas peças de grife em nossos guarda-roupas, nosso consumismo é voltado para livros, shows, viagens e lugares fora do grande circuito.
Preservamos nossa individualidade a despeito das expectativas implícitas ou explícitas das pessoas com as quais convivemos.
Geralmente não assistimos novelas e programas televisivos voltados para o grande público. Desconhecemos bordões da moda e frases de efeito. Não temos a menor ideia de quem seja a Luzia que foi para o Canadá.
Praguejamos contra os ídolos de massas, tais como Luciano Huck, Ivete Sangalo, Angélica, Pedro Bial, Ratinho e afins. 
Apreciamos nossa própria companhia e somos bastante seletivos para eleger quem merece desfrutar dela. Vez ou outra, temos que conter nossa intolerância. Contudo, temos amigos normais de quem gostamos muito, mas é entre nossos pares que nos sentimos realmente confortáveis.
Não nos incomodamos com o silêncio - mesmo quando há companhia. Pelo contrário, o silêncio nos nutre, pois temos tendência à introspecção. Desta forma, periodicamente entramos em nossas respectivas cavernas interiores e lá hibernamos como ursos. No entanto, não adormecemos. Pelo contrário, abrimos nossos sentidos para mergulharmos profundamente em nossas questões existenciais. Afinal, os esquisitos pensam em demasia.
Enquanto esquisitos, não exigimos nada. Só viemos orgulhosamente proclamar nossa existência.
Não nos ofendemos com este adjetivo, pelo contrário, gabamo-nos deste título. Afinal, a transgressão, a insolência, a insurreição e uma dose de arrogância são alimentos vitais para nossa existência.
Se você é um de nós, assine abaixo. 

*Lilian Rabelo é co-autora deste texto.