Alguns
anos atrás, semanalmente, eu fazia uma viagem de aproximadamente 100 km em
função do meu trabalho. Assim como eu, outros colegas professores faziam o
mesmo e acabamos por formar um grupo bem legal de amigos. Íamos num dia e
voltávamos no outro.
Numa destas idas e vindas, Giselle me apresentou a “teoria dos pratinhos”. Foi uma revelação bombástica na minha vida e toda vez que tenho oportunidade passo-a adiante.
Hoje acordei com um sorrisinho maroto e uma carinha de safada - que mais adiante vou explicar - e não consigo parar de pensar em compartilhar a tal teoria. Vamos a ela:
Numa destas idas e vindas, Giselle me apresentou a “teoria dos pratinhos”. Foi uma revelação bombástica na minha vida e toda vez que tenho oportunidade passo-a adiante.
Hoje acordei com um sorrisinho maroto e uma carinha de safada - que mais adiante vou explicar - e não consigo parar de pensar em compartilhar a tal teoria. Vamos a ela:
As pessoas interessantes nas
nossas vidas – leia-se “aquelas que queremos mais do que uma simples conversa”
- são como aqueles pratos do equilibrista de circo. Estão suspensas sobre
uma vareta e de quando em quando é preciso dar aquela balançadinha para que não
caiam e se quebrem.
Pratinho é uma relação de reciprocidade e, óbvio, as “balançadinhas” têm que vir dos dois lados. Um telefonema, um torpedo, uma conversa rápida (ou demorada) no msn, uma postagem e/ou uma curtida no facebook (nada de cutucadas, peloamordedeus!), um chopp, uma sugestão de filme, um olhar, um toque.
Quando explico a teoria dos pratinhos para a alguém, acho engraçado perceber que todos se identificam com ela. É claro que os solteiros mais prontamente do que os casados ou já comprometidos, mas todos, sem dúvida, conseguem ser ver balançando ou sendo balançado por alguma pessoa.
Depois que descobri esta teoria, comecei a entender melhor e a curtir muito mais o meu relacionamento com os homens. Desencanei. Relaxei. Deixei para trás ideias e preconceitos que adquiri ao longo da minha criação familiar totalmente atrelada aos valores religiosos castradores. Passei a ter uma visão mais masculina – e isso não é de forma alguma uma crítica – sobre a sexualidade (a minha e a do outro). Tornei-me mais pragmática.
Não! Não me tornei promíscua. Os meus pratinhos geralmente são amigos de quem gosto muito, carinhas com os quais tenho afinidades, que têm bom papo, são sensíveis e carinhosos. Viram-se adultos de uma hora para outra e, por isso, muitas vezes são complicados e dispersos como eu. Tiveram, têm ou desejam ter um relacionamento, mas percebem que viver a vida adulta sozinho também pode ser muito, muito interessante.
Entretanto, no primeiro semestre do ano passado, como uma mulher romântica que sou, apaixonei-me e fui correspondida. Deliberadamente deixei que todos os meus pratinhos se quebrassem. A paixão acabou e passei por uma fase sem paciência para eles.
Contudo, eis que numa noite chuvosa, completamente despretensiosa e totalmente avessa à aquisição de pratinhos, o telefone toca. O tal sorriso maroto e a carinha de safada que percebi hoje de manhã no espelho, e vou além, a cabelo sedoso, o olhar malicioso, as mãos que digitam sedutoramente este texto devem-se a este novo pratinho e a alegria de viver uma vida sem culpa.
Como pagamento as benfeitorias feitas, à você pratinho delicioso, dedico este texto.
Niterói, 28 de janeiro de 2012.