Ela própria não sabe, mas
me considero amiga íntima da Martha Medeiros, escritora gaúcha que parece tomar
as minhas angústias, pensamentos e reflexões como material para escrever suas
crônicas e publicá-las em livros como Divã,
Feliz por nada, Doidas e Santas e
tantos outros. Talvez você, mulher que me lê agora, irá pensar que são nas TUAS
vivências que a escritora tira o material. Entretanto, não se engane, pois eu
tenho certeza que são nas MINHAS experiências e sentimentos que ela se inspira,
afinal, como disse antes, sou amiga íntima da celebridade em questão.
A intimidade com a Martha
é tanta que já a citei em vários escritos anteriores. Na verdade, a escritora é
a minha musa inspiradora, a responsável pela criação deste modesto blog. E mais uma vez, graças a ela,
depois de uma longa pausa que durou um verão completo, cá estou eu escrevendo
para quem quiser ler.
E por falar em verão, pode
parecer bobagem, mas a troca de estação, e, no meu caso, a entrada do outono,
me faz ter vontade de trocar as folhas, me desapegar de alguns elementos da
minha natureza, mudar a paisagem da minha vida e é neste ponto que entramos no
assunto desta crônica: perdas e ganhos.
Os mais velhos, ops, os mais antigos, talvez se lembrem do filme Perdas e Danos estrelado por Jeremy
Irons e Juliette Binoche em 1992. O título é parecido – quase um plágio - mas
esta crônica pouco tem a ver com ele.
Adentremos, enfim, no
assunto...
Depois de um verão
chuvoso, quente e preguiçoso sob alguns aspectos, tenho tentado, com todas as
minhas forças, abandonar alguns maus hábitos ganhos, adquirir alguns novos e retomar outros bons que tinham
sido perdidos. Um destes é o
hábito da leitura.
Como estou destreinada,
achei por bem retomá-lo a partir da leitura de algo leve e atrativo e aí dei de
cara com o novo livro “dela” – não vou repetir o nome mais uma vez para não
parecer puxa-saquismo – Um lugar na
janela, relatos de viagem.
Como podemos intuir pelo
próprio título, Martha nos descreve suas experiências expedicionárias por este
mundão afora e, de novo, brotou em mim aquela saudade de coisas não vividas,
mas isso já está registrado em outra crônica.
Contudo, um relato, em
especial, me fez pensar na questão de desapego. A cronista conta que passou uma
breve temporada morando em Santiago do Chile e, ao fim de oito meses de
estadia, ela e o marido, ao se prepararem para voltar ao Brasil, venderam tudo
o que tinham de material dentro do apartamento a ponto de, na última noite no
Chile só terem um colchão no chão.
Ela partilha um aprendizado
que, a meu ver, é muito valioso em tempos de proliferação de casos de
acumuladores patológicos. Martha diz que foram embora carregando apenas o que
haviam vivido e todas as emoções. Não pagaram excesso de bagagem no voo de
volta e, ao chegaram ao Brasil, tiveram uma gostosa sensação de leveza. Deixou
de lado o zelo excessivo por coisas que foram feitas apenas para usar, e não
para se amar e concluiu dizendo que descobriu a “irrelevância de quase tudo que
é material”.
Sou eu!!!!!!! Mais do que
nunca tenho certeza que ela me usa como cobaia para escrever!
Veja bem, apesar de nunca
ter saído do Brasil, já me mudei várias vezes. Só para constar, desde que saí
da casa dos meus em 2005, já troquei de habitat cinco vezes e, geralmente, para
espaços cada vez menores. A cada mudança fui me desfazendo, com muita
facilidade, de móveis, roupas, papéis, utensílios de cozinha, eletrodomésticos
e objetos de decoração. Diferente da Martha, eu fui dando estas coisas, e não
vendendo.
Tenho o seguinte
critério: se não uso a coisa durante seis meses, passo a acreditar que nunca
mais vou precisar dela e assim, quase toda semana, a moça que faz faxina na
minha casa leva algo que eu julgo que será mais útil para outra pessoa: um
pote, uma panela, um produto cosmético, um sapato, um jogo de lençol. Eu perco,
mas alguém ganha.
E por falar em faxina, adoro
arrumar armários e gavetas, pois é uma oportunidade de me livrar de coisas que
não têm mais lugar na minha vida e assim fui ganhando mais espaço físico e
simbólico.
Falando em me livrar de coisas desnecessárias, recentemente livrei-me de muitos quilos. Para ser exata, eliminei quarenta e três quilos e duzentos gramas (isso mesmo, 43k!) nos últimos oito meses. Por conta disso, fui doando - com muito prazer, obrigada! - todas as minhas roupas do antigo manequim, mesmo aquelas roupas novas que eu havia comprado pouco tempo antes da cirurgia. Com a redução do tamanho, perdi também aquela preguiça crônica de fazer atividades físicas e ganhei agilidade e outras pequenas e grandes coisas que facilitam a minha vida cotidiana.
Falando em me livrar de coisas desnecessárias, recentemente livrei-me de muitos quilos. Para ser exata, eliminei quarenta e três quilos e duzentos gramas (isso mesmo, 43k!) nos últimos oito meses. Por conta disso, fui doando - com muito prazer, obrigada! - todas as minhas roupas do antigo manequim, mesmo aquelas roupas novas que eu havia comprado pouco tempo antes da cirurgia. Com a redução do tamanho, perdi também aquela preguiça crônica de fazer atividades físicas e ganhei agilidade e outras pequenas e grandes coisas que facilitam a minha vida cotidiana.
Em outras ocasiões, apesar
de adorar minha pequeníssima biblioteca, perdi livros, alguns até de valor
afetivo, ao presentear meus amigos acreditando que tal volume teria mais
utilidade para aquela pessoa naquele momento do que para mim.
Ou seja, se existem os
acumuladores compulsivos - pessoas que entopem
suas casas com objetos de que não precisam, como jornais velhos e lixo, podendo,
inclusive, comprometer a saúde – tornando-se participantes de um reality show
de um canal de TV a cabo – eu sou uma “livradora” compulsiva de coisas
materiais.
No
entanto, quando o assunto são os meus sentimentos, fica difícil faxinar as
gavetas da minha mente. É difícil - e até doloroso - perder antigas crenças,
mesmo aquelas que já não me servem mais ou que me fazem sofrer. Pode parecer
doideira, mas estas falsas crenças me servem de âncora neste mundo solitário.
O mesmo acontece em se tratando de pessoas. Percebo que fica cada vez mais difícil me
afastar daquelas que são ou foram importantes para mim, independentemente do
quanto me fizeram feliz ou triste e do tempo que estiveram presentes em minha
vida.
Algumas
dessas são importantes e necessárias e gostaria muito que ficassem, no entanto,
têm aquelas outras que eu deveria desprendê-las do meu coração, nem que seja para
abrir espaço para outras, mas, vá lá entender o porquê, continuo querendo-as
por perto.
Talvez
eu só precise de uma ajudazinha para fazer esta faxina afetiva. Que tal uma
simpatia?
Afastar
pessoas indesejáveis
Pegue um papel branco e escreva o nome dessa pessoa,
dobre o papel ao meio com o lado escrito para fora,
coloque o papel dentro de um copo com metade de vinagre vermelho,
metade água e uma pitada de sal grosso.
Coloque dentro do congelador durante 21 dias.
Após os 21 dias jogar fora muito longe da sua casa.
dobre o papel ao meio com o lado escrito para fora,
coloque o papel dentro de um copo com metade de vinagre vermelho,
metade água e uma pitada de sal grosso.
Coloque dentro do congelador durante 21 dias.
Após os 21 dias jogar fora muito longe da sua casa.