Hoje vocês choraram pela despedida dos amigos da escola. Disseram que têm medo, que nunca terão amigos como estes e que estas amizades serão eternas. Fizeram uma bagunça linda pelos corredores da escola com um verdadeiro panelaço e invadiram as salas das invejosas turmas de séries mais novas. Fizeram guerrinha de bolinhas de papel na minha aula (por favor, esqueçam aquilo que eu fiz com as provas de vocês, ok?).
Alguns se despediram agradecidos de professores. Lágrimas e mais lágrimas. Um verdadeiro chororô. Consolei emocionada alguns alunos mais próximos. Confesso que segurei o choro, afinal, é a primeira turma que vejo se formar tendo eu acompanhando-os enquanto professora de Sociologia e Filosofia desde a 1ª série do E.M.
É... A escola acabou!
Como bem disse um colega de vocês que saiu da escola no ano passado, vocês sentirão falta do Olimpo. Na escola que agora se despedem, da direção aos funcionários, o SOE e os professores conhecem suas respectivas histórias de vida. Todos se conhecem. Vocês são tratados pelos nomes e não por número de matrícula. Alguns mais, outros menos, foram tratados como reis ou pequenos deuses. Adianto-me a prevenir: Preparem-se! A vida “lá fora” não é bem assim. As relações deixam de ser primárias e tornam-se, muitas vezes, frias, impessoais e competitivas, seja na faculdade ou no mercado de trabalho. Cada um(a) de vocês será apenas mais um no meio da multidão.
Mas prometo: o melhor está por vir!
Acabou-se o tempo da falta de identidade provocada pelo uso do uniforme; das broncas muitas vezes injustas, do controle constante, dos horários rígidos, da falta de participação do processo de produção do conhecimento, dos amigos mais ou menos iguais.
Sejam bem vindos à diversidade: de pessoas, de ideias, de valores, de costumes.
Ao entrarem na faculdade, participem do movimento estudantil, das chopadas, das discussões políticas nas mesas de bar, dos debates acadêmicos (e outros nem tão acadêmicos assim). Discordem dos professores, exijam qualidade no ensino, mas estudem para não perderem a razão. Produzam, criem, teorizem, pratiquem. Façam novos amigos, vivam amores, chorem por eles. Vivam outros. Tornem-se adultos, mas não se esqueçam de manter este frescor, a curiosidade e a rebeldia da adolescência.
E quando precisarem de colo, estamos aqui.
Boa sorte na vida!
Com muito carinho,
Bia Maia Neves.
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