quinta-feira, 8 de março de 2012

Coisas abomináveis*


         Tem coisas que eu preferiria ser cega para não ver, surda para não ouvir ou ser uma ermitã para não ter que testemunhar. São 177.056.930 pequenas ou grandes coisas que simplesmente não suporto, abomino.
           
            Eis minha lista:
           
          Sapato apertado; dias de carência; celular usado como rádio em lugares públicos; abuso de poder; engarrafamento na ponte Rio-Niterói; gente muito feliz; depilação; ônibus cheio; coroa dançando funk usando roupas de adolescente; cara que não liga no dia seguinte, nem no outro, nem no outro; TPM; maus tratos contra animais; o verão carioca; televisão ligada em bares e restaurantes; mau hálito; gente que fala alto; homem sem atitude ou, por lado, aquele do tipo “o cara” (que tem atitude demais); burrocracia; noite mal dormida; covardia; o aumento abusivo do preço da passagem das barcas; cheiro de cigarro na roupa e no cabelo; gente que fala demais; flanelinhas; mancha roxa na perna; aluno conversando enquanto estou dando aula; homem que cultiva cachinhos nos cabelos compridos; estupidez; pessoa que diz que odeia política; criança com nariz escorrendo; mau humor (meu e de outrem); cecê; barulhos repetitivos; barulhos de topos os tipos; a gestão do atual prefeito de Niterói; chuva em dia festa; atendimento eletrônico pelo telefone; preconceitos de todos os tipos; cantada de homem feio; dente cariado; zorra total; violência de qualquer tipo; uma pessoa chamando a outra de “nem”; tirar pó dos móveis; gente que buzina por qualquer coisa; últimos dez dias do mês; taxi sem ar condicionado; ser apresentada mil vezes a mesma pessoa e ela responder “prazer”; gente furando fila; motorista de ônibus que passa por trás de outro e não para no seu ponto; ser mal servida em bares e restaurantes; ser cobrada indevidamente; o abominável homem das neves.


Para não ser taxada de tia velha reclamona, segue outra lista.

Coisas deleitáveis

            O por do sol visto da ponte Rio-Niterói; banheira de hidromassagem; gente divertida; boa música; gentileza; adormecer agarrada a algo ou alguém; barulho de cachoeira; elogio sincero; céu estrelado; uma, duas, três, algumas taças de vinho; troca de olhares com um cara bonito na rua; lua cheia; minha mãe rindo num filme bobo; banho de rio, de preferência pelada; realizar um projeto; sexta-feira; sexo (com ou sem amor); chocolate; o visual da lagoa de Araruama; minha própria companhia em dias de felicidade; apaixonar-me; cinema; pisar na grama descalça; cílios volumosos e compridos; fazer as pazes; outono no Rio de Janeiro; chulé de criança bem pequena; CCBB; homem um pouco tímido; o perfume da dama da noite; transar sem camisinha (não recomendável, mas é gostoso); cheiro de chuva; viajar; reencontro de amigos antigos; George Clooney; alunos prestando muita atenção na minha aula; uma massagem bem feita; céu azul; queijo derretido; receber flores (nem que seja uma rosa); roda de violão; cheiro de café; cultivar boas amizades; Quinta da Boa Vista; Capitu e Bentinho; dançar; Costão de Itacoatiara; primeira quinzena do mês; a aterrissagem do avião em que você está; conversa boa; Amelie Poulain; escrever neste blog; maionese deleite.


* Inspirada no crônica homônima de Paulo Mendes Campos.

5 comentários:

  1. Hahahaha gostei muito Bia, mas acho que você esqueceu de escrever uma coisa que odeia: Gente chupando o dente, sempre lembro de voce! Hhahaa

    Gostei muito de tudo que escreveu!

    Beijos

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  2. Poxa, você me abomina, só porque eu falo alto! Sacanagem. kkkk
    Fabricia

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  3. Está ganhando merchandise? rs
    Fabricia

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  4. "Gente muito feliz" sempre me parece sinônimo de "estupidez".
    Como tem coisa aí que odeio/abomino...hahhaha

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  5. "Aluno conversando enquanto estou dando aula" Acho q já vi esse filme! kk
    Vc também poderia ter escrito: me esgoelar enquando dou aula. kkkkkkkk

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